"Vivemos ainda nesse estranho regime que associa a moralidade à crença religiosa, como se existisse alguma relação entre religiosidade e comportamento moral, como se não soubéssemos nada sobre a lambança feita pelos padres com as crianças e adolescentes – para não falar dos séculos de lambança obscurantista e anticientífica promovida pelas religiões..." Idelber Avelar

sábado, 3 de dezembro de 2011

Caminhos da fé


William Pereira da Silva
Sempre fui uma criança inquieta, buliçosa, curiosa, metida, diziam até que "esse menino é doido", e assim cheguei à adolescência discordando de muitas coisas ao meu redor. Lembro que aos 13 anos já participava de discussões acaloradas sobre a inexistência de Deus, eu contra os outros. Foi quando resolvi ler a Bíblia todinha (ai é que chamavam de doido mesmo) e li, pensem numa leitura chata, enfadonha, somente no Novo Evangelho é que a gente sente emoções ao ler. Comparava os fatos em minha volta e  não via nada do que estava escrito na Bíblia ser colocado em pratica na realidade. Saindo da adolescência chegando a fase adulta,  cansado de tanto lutar contra tudo e todos entreguei os pontos e fui viver como quase todo mundo vivia, alienado ao sistema. Voltei a frequentar igrejas, fazer parte de estudos  bíblicos, movimentos religiosos, tudo que a igreja e a religião católica exigia.  Minha formação foi praticamente Católica-cristã; seis anos estudando no Colégio Diocesano Santa Luzia, “ Colégio dos Padres” ( jardim de infância ao 4º ano primário), seis anos lecionando no Ginásio Sagrado Coração de Maria, hoje Colégio, denominado de ‘ Colégio das Freiras” e dois a três anos no Encontro de Casais com Cristo – CCC, começando um curso de teologia, abandonando para não completar o número da besta 666. (Risos). O que via dentro destas instituições apenas confirmou o que eu suspeitava desde criança, não existe nada de cristão naquele povo que convivia, sim Católicos, pessoas cultas, organizadas, hierarquizadas, autoritárias ( os de maiores  patentes).
Neste interim fui trabalhar na biblioteca da escola (1986) comecei a fuçar livros, encontrei nada menos que Rousseau, Voltaire, Kant, Nietzsche, Karl Marx, Cervantes e tantos outros e comecei a devorá-los recebendo um choque na minha forma de pensar e ver o mundo, ( depressão braba, curada com médicos psiquiatria e medicação por  vários meses) voltei a minha descrença, tornei-me cético, voltei a minha normalidade e lá vem o “esse homem é doido”.
Comecei a participar de movimentos sociais, greves, conselhos comunitários, sindicatos que coadunavam em parte com minhas convicções, evidentemente me afastei da Igreja e da religião indo aperfeiçoar minhas ideias de ateísmo. Li mais um pouco, realizei uma verdadeira cartase com ajuda da internet que foi onde encontrei mais espaços para debater e divulgar minhas ideias. Não me considero intelectual, leio,  não como estudo, mas para entender a realidade a minha volta, nunca avaliei o que sei ou não sei, sigo algumas máximas de Rui Barbosa; “Para não arrefecerdes imaginais que podeis vir, a saber, tudo, para não presumirdes, reflita; que; por muito que souberdes mui pouco tereis chegado a saber”. E Rousseau “A inteligência humana tem seus limites, e um homem não pode tudo saber, não pode mesmo saber bem, por inteiro, o pouco que sabem os demais homens”.
Recebo críticas, injúrias, difamações, perseguições e tantos “ções” que chego a conclusão que o que penso e falo perturba e muito. Não uso de anonimato ( entendo e respeito a posição de quem usa), enfrento tudo de cara procurando ser o máximo do que eu sou, entretanto como tática de guerrilheiro avanço e recuo de acordo com as circunstâncias, mas fugir da luta jamais, para ter um convívio aceitável em sociedade. No meu pensar queria ser Eremita, mas quem iria satisfazer meus instintos animais de sexualidade, sociabilidade e outras tantas necessidades que o ser humano precisa desenvolver?
William Pereira da Silva

PROFESSOR WILLIAM PEREIRA DA SILVA
Enviado por PROFESSOR WILLIAM PEREIRA DA SILVA em 03/12/2011
Reeditado em 03/12/2011
Código do texto: T3369573

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