"Vivemos ainda nesse estranho regime que associa a moralidade à crença religiosa, como se existisse alguma relação entre religiosidade e comportamento moral, como se não soubéssemos nada sobre a lambança feita pelos padres com as crianças e adolescentes – para não falar dos séculos de lambança obscurantista e anticientífica promovida pelas religiões..." Idelber Avelar

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pedofilia e Igreja romana: O problema é do celibato imposto?


DO SITE IRRELIGIOSOS


Primeiro os Estados Unidos, depois a Irlanda, Alemanha e Holanda: a sombra de pedofilia desestabiliza o equilíbrio da Igreja Católica e levanta questões sérias sobre a castidade de seus sacerdotes . O Papa Bento XVI tem falado recentemente de "crimes vergonhosos", um flagelo a ser combatido. Para Hans Kung, a ferida é mais profunda, não se trata de casos isolados, mas de um problema interno ao próprio clero: o celibato. Kung, um dos principais teólogos católicos antes de lhe ser revogada a "missão canônica" e que convidou mesmo o actual pontífice para professor da cadeira de teologia em Tübingen, é um dos mais influentes críticos das doutrinas da Igreja de Roma.
Para ele, a única solução para travar os desvios morais de alguns círculos religiosos é acabar com a obrigação insustentável do celibato. O teólogo suíço desmonta as alegadas certezas, atrás das quais se refugiam frequentemente as hierarquias católicas. "O abuso sexual por parte dos padres não têm nada a ver com o celibato. Protesto! (...) Como então são registados em massa propriamente dentro da igreja católica, liderada por celibatários? Claramente, essas falhas não são apenas atribuíveis ao celibato. Mas este é a mais importante expressão estrutural da abordagem que os clérigos de topo têm com respeito a sexualidade. " Kung, conhecido nos círculos do Vaticano como "o rebelde" critica esta regra imposta "que não existia ainda no primeiro milênio e foi criada no século XI." Critica o silêncio da hierarquia eclesiástica e "a prática do encobrimento de décadas de casos abusivos". "A Igreja não deve esperar um mea culpa também por parte do Papa, na colegialidade dos bispos?" Solicita Kung.
Em entrevista à emissora de televisão pública suiça SF (21/03/2010) Hans Kung acusa: "não é exagero dizer que dificilmente houve um homem na Igreja Católica que sabia tanto quanto o papa sobre os casos de abusos". E acrescenta: "Desde a Idade Média temos uma teologia da sexualidade inibida"... "Isso culmina na lei do celibato, que tem a ver com esses casos de abusos", acrescentou.
Segundo Küng, este é um dos motivos pelos quais o papa, em sua carta pastoral, não assumiu qualquer responsabilidade pelos casos de abuso. "O mais importante seria que o papa liberasse a discussão sobre o celibato. Muita coisa melhoria se o celibato fosse abolido", disse Küng.
Küng acusa Bento XVI de "absolutismo", por não querer ouvir vozes que exigem reformas. Segundo ele, o celibato obrigatório é também a causa da escassez de sacerdotes, que na Alemanha atingiu uma dimensão dramática, levando um padre a ter de cuidar de duas ou mais paróquias.
Por outro lado, o psiquiatra austríaco Reinhard Haller, que tem muitos padres entre os seus pacientes, calcula que apenas 10% dos padres conseguem viver a vida inteira no regime celibatário. Segundo ele, a Igreja subestima a importância da sexualidade e, além disso, não prepara os padres psicologicamente para uma renúncia à sexualidade. "Um dos meus pacientes, um padre acusado de abuso sexual, contou que o capítulo sexualidade foi concluído no seminário com um simples "vocês já são homens adultos" - lembra Haller, que já atuou também como perito em processos contra acusados de pedofilia.
Os escândalos de pedofilia são "um sinal de que precisamos de mudanças profundas, de uma revolução suave, no Papado e na hierarquia em Roma. São muito, muito, corruptos, e são-no há dois mil anos sem qualquer avaliação externa do que fazem. Precisamos de uma autoridade secular dentro da Cúria para ver o que se está a passar", vinca por sua vez a teóloga inglesa Myra Poole.
O celibato imposto, pode até não ser a causa direta dos abusos sexuais por parte dos padres pedófilos, mas que existe uma cultura que leva a casos de desvio sexual (pedofilia, homossexualismo, misoginia,...) na igreja romana, isso parece mais que evidente. Como sabemos, "Deus perdoa sempre, o Homem perdoa às vezes, mas a Natureza nunca perdoa"; a natureza vinga-se sempre e de forma avassaladora e trágica. O celibato obrigatório não passa de uma imposição castradora e contra natura. Ora acontece que a Igreja romana está a intoxicar-se com o próprio veneno que ela gerou. Curioso, não é?! Não existe pior cego que aquele que não quer ver!

 

 

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