"Vivemos ainda nesse estranho regime que associa a moralidade à crença religiosa, como se existisse alguma relação entre religiosidade e comportamento moral, como se não soubéssemos nada sobre a lambança feita pelos padres com as crianças e adolescentes – para não falar dos séculos de lambança obscurantista e anticientífica promovida pelas religiões..." Idelber Avelar

sábado, 11 de setembro de 2010

AMARGAS LEMBRANÇAS - WORLD TRADE CENTER 11/09/2001

AMARGAS LEMBRANÇAS - WORLD TRADE CENTER 11/09/2001



William Pereira da Silva

Estava deitado na rede assistindo televisão, era de manhã, 11 de setembro de 2001, quando de repente a programação muda e passa a notíciar um acidente de avião nos Estados Unidos. Fiquei olhando admirado. Como pode um piloto errar e não ver um edifício daquele tamanho?  Então foi uma falha grande na aeronave. Enquanto meus pensamentos tentavam deduzir tamanha tragédia, ví outro avião chegando e colidindo contra o outro prédio. Levantei-me da rede num impulso, assustado tentando entender o que estava acontecendo, desconfiei de algo ruim, tem alguma coisa errada nisso, pensei. Fiquei atento e não deixei mais de assitir a televisão. Chamei minha esposa para ver, queria que alguém fôsse testemunha comigo do que estava vendo. Atentamente ouvi o reporte falar em ataque aos Estados Unidos. MEU DEUS!! É a terceira guerra mundial, exclamei confuso. Narrava o réporter que outros aviões estavam também atacando outros lugares e abestalhado ouvi o nome Pentágono. É... realmente é a terceira Guerra Mundial! Quem estará atacando os americanos? Parei de analisar e voltei a ver as imagens não conseguindo mais falar com um nó na garganta e um aperto no coração. MEU DEUS!!!!! Eram imagens forte, desorientado passei o dia todo ligado na TV. Aos poucos as reportagens junto com as imagens davam a dimensão do ocorrido. Foi uma experiência e tanto. Nunca me esquecerei. Respirei aliviado somente quando tive certeza em saber que não era a terceira guerra mundial embora depois via a cada dia as cenas lamentáveis do episódio e seus estragos que foram horríveis e inesquecíveis.
Hoje passado oito anos conseguimos entender os motivos do ataque, sentindo que os americanos não são tão poderosos o quanto diziam, seus inimigos acharam a arma mortal, O TERRORISMO. Vemos o império americano sob a mira dos diversos grupos terroristas e desorientado atacando tudo que possa justificar a vingança contra os países suspeitos de dar apoio ao Al-Qaeda de Osama Bin Laden, que esta livre para agir com seu plano de guerra contra o ocidente.
Resta-nos esquecer torcendo para o conflito do oriente médio não seja a causa no ínicio daquilo que pensei horrorizado ao ver as primeiras imagens do ataque ao World Trade Center, A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL.
Publicado no Recanto das Letras em 13/09/2009
Código do texto: T1807699

*CONVIDO A TODOS LEREM O ARTIGO DE JOSÉ SARAMAGO  escritor Português, prêmio Nobel em Literatura, que de forma brilhante escreveu sobre O FATOR DEUS na folha de São Paulo em 19/09/2001.
O FATOR DEUS
José Saramago

Algures na Índia. Uma fila de peças de artilharia em posição. Atado à boca de cada uma delas há um homem. No primeiro plano da fotografia um oficial britânico ergue a espada e vai dar ordem de fogo. Não dispomos de imagens do efeito dos disparos, mas até a mais obtusa das imaginações poderão "ver" cabeças e troncos dispersos pelo campo de tiro, restos sanguinolentos, vísceras, membros amputados. Os homens eram rebeldes. Algures em Angola. Dois soldados portugueses levantam pelos braços um negro que talvez não esteja morto, outro soldado empunha um machete e prepara-se para lhe separar a cabeça do corpo. Esta é a primeira fotografia. Na segunda, desta vez há uma segunda fotografia, a cabeça já foi cortada, está espetada num pau, e os soldados riem. O negro era um guerrilheiro. Algures em Israel. Enquanto alguns soldados israelitas imobilizam um palestino, outro militar parte-lhe à martelada os ossos da mão direita. O palestino tinha atirado pedras. Estados Unidos da América do Norte, cidade de Nova York. Dois aviões comerciais norte-americanos, seqüestrados por terroristas relacionados com o integrismo islâmico lançam-se contra as torres do World Trade Center e deitam-nas abaixo. Pelo mesmo processo um terceiro avião causa danos enormes no edifício do Pentágono, sede do poder bélico dos States. Os mortos, soterrados nos escombros, reduzidos a migalhas, volatilizados, contam-se por milhares.
As fotografias da Índia, de Angola e de Israel atiram-nos com o horror à cara, as vítimas são-nos mostradas no próprio instante da tortura, da agônica expectativa, da morte ignóbil. Em Nova York tudo pareceu irreal ao princípio, episódio repetido e sem novidade de mais uma catástrofe cinematográfica, realmente empolgante pelo grau de ilusão conseguido pelo engenheiro de efeitos especiais, mais limpo de estertores, de jorros de sangue, de carnes esmagadas, de ossos triturados, de merda. O horror, agachado como um animal imundo, esperou que saíssemos da estupefação para nos saltar à garganta. O horror disse pela primeira vez "aqui estou" quando aquelas pessoas saltaram para o vazio como se tivessem acabado de escolher uma morte que fosse sua. Agora o horror aparecerá a cada instante ao remover-se uma pedra, um pedaço de parede, uma chapa de alumínio retorcida, e será uma cabeça irreconhecível, um braço, uma perna, um abdômen desfeito, um tórax espalmado. Mas até mesmo isto é repetitivo e monótono, de certo modo já conhecido pelas imagens que nos chegaram daquele Ruanda-de-um-milhão-de-mortos, daquele Vietnã cozido a napalme, daquelas execuções em estádios cheios de gente, daqueles linchamentos e espancamentos daqueles soldados iraquianos sepultados vivos debaixo de toneladas de areia, daquelas bombas atômicas que arrasaram e calcinaram Hiroshima e Nagasaki, daqueles crematórios nazistas a vomitar cinzas, daqueles caminhões a despejar cadáveres como se de lixo se tratasse. De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus. Já foi dito que as religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana. Ao menos em sinal de respeito pela vida, devíamos ter a coragem de proclamar em todas as circunstâncias esta verdade evidente e demonstrável, mas a maioria dos crentes de qualquer religião não só fingem ignorá-lo, como se levantam iracundos e intolerantes contra aqueles para quem Deus não é mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como os outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deu a criar. Disse Nietzsche que tudo seria permitido se Deus não existisse, e eu respondo que precisamente por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel. Durante séculos a Inquisição foi, ela também, como hoje os talebanes, uma organização terrorista que se dedicou a interpretar perversamente textos sagrados que deveriam merecer o respeito de quem neles dizia crer, um monstruoso conúbio pactuado entre a religião e o Estado contra a liberdade de consciência e contra o mais humano dos direitos: o direito a dizer não, o direito à heresia, o direito a escolher outra coisa, que isso só a palavra heresia significa.
E, contudo, Deus está inocente. Inocente como algo que não existe que não existiu nem existirá nunca, inocente de haver criado um universo inteiro para colocar nele seres capazes de cometer os maiores crimes para logo virem justificar-se dizendo que são celebrações do seu poder e da sua glória, enquanto os mortos se vão acumulando, estes das torres gêmeas de Nova York, e todos os outros que, em nome de um Deus tornado assassino pela vontade e pela ação dos homens, cobriu e teimam em cobrir de terror e sangue as páginas da história. Os deuses, acho eu, só existem no cérebro humano, prosperam ou definham dentro do mesmo universo que os inventou, mas o "fator deus", esse, está presente na vida como se efetivamente fosse o dono e o senhor dela. Não é um Deus, mas o "fator Deus" o que se exibe nas notas de dólar e se mostra nos cartazes que pedem para a América (a dos Estados Unidos, e não a outra...) a bênção divina. E foi no "fator Deus" em que o Deus islâmico se transformou, que atirou contra as torres do World Trade Center os aviões da revolta contra os desprezos e da vingança contra as humilhações. Dir-se-á que um Deus andou a semear ventos e que outro Deus responde agora com tempestades. É possível, é mesmo certo. Mas não foram eles, pobres Deuses sem culpa, foi o "fator Deus", esse que é terrivelmente igual em todos os seres humanos onde quer que estejam e seja qual for a religião que professem, esse que tem intoxicado o pensamento e aberto as portas às intolerâncias mais sórdidas, esse que não respeita senão aquilo em que manda crer, esse que depois de presumir ter feito da besta um homem acabou por fazer do homem uma besta.
Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnância que estas palavras provavelmente lhe inspiraram, não peço que se passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento de não poder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do "fator Deus". Não faltam ao espírito humano inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se.
NOTA DO BLOB:

Silêncio, meditação, reflexão, é tudo isso que devemos fazer ao terminar de ler um comentário desta natureza, realmente analisar este "Fator Deus" tão louvado e seguido por centenas, milhares, milhões de pessoas em todo o mundo sem uma critica, sem se voltar realmente a quem serve estas religiões ou Deus. Como gostaria que essas centenas, milhares, milhões de pessoas pudessem ler e refletir sobre este e outros tantos assuntos que os ateus na sua angustia, na sua ânsia de tirar essas pessoas desse engodo, dessa enganação, dessa degradação humana que se chama Religião e utilização do nome Deus para denegrir a raça humana se lança nesta luta desigual e desumana. Talvez quem saiba se deixassem seguirmos nossos passos como fizeram diversas civilizações primitivas a humanidade encontrasse seu caminho com mais harmonia e paz. Não creio que exista só um caminho para a humanidade, para as pessoas, devemos e podemos criar outros caminhos que nos leve para uma razão mais lógica e racional e não tenhamos de enfrentar tanta desgraça e destruição para satisfazer a loucura dos governantes e daqueles que detém o poder econômico mundial e sabemos que são eles que mais utilizam a religião e  Deus para manter seus domínios e riquezas e para isso não tem piedade nem rancor de lançar milhões de seres humanos em guerras fratricidas utilizando o nome de Deus, a ignorância, a fé e a inocência dos muitos inocentes deste mundo. A história é prova inconteste de tudo isso.
Publicado no Recanto das Letras em 06/11/2008
Código do texto: T1268764
PROFESSOR WILLIAM PEREIRA DA SILVA

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