"Vivemos ainda nesse estranho regime que associa a moralidade à crença religiosa, como se existisse alguma relação entre religiosidade e comportamento moral, como se não soubéssemos nada sobre a lambança feita pelos padres com as crianças e adolescentes – para não falar dos séculos de lambança obscurantista e anticientífica promovida pelas religiões..." Idelber Avelar

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

DEBATE ENTRE UM CRISTÃO RETÓRICO E UM ATEU INCISIVO - POR ASSIS UTSCH




Debate entre um cristão retórico e um ateu incisivo (I)
(Assis Utsch)
Assisti pelo You Tube ao debate entre o pensador religioso Dinesh D’Souza e o jornalista ateu Christopher Hitchens, realizado em importante escola americana, no The King’s College (New York), em fevereiro de 2009. D’Souza começa dizendo que exaltará a positividade do cristianismo e que depois corrigirá Hitchens. Manifesta sua estranheza pela atual militância ateísta, referindo que se alguém não acredita, basta, segundo ele, não crer, e não precisa ser um militante, ressaltando por exemplo que ele não crê em unicórnios, e nem por isso sente necessidade de escrever livros sobre a descrença nos unicórnios.
D’Souza é um indiano-americano, originário de Goa, ex-colônia portuguesa, hoje fazendo parte do território indiano. Ele foi assessor de Bush e apoiou a invasão do Iraque. Pensador eloquente, oratória brilhante, tão erudito que seus argumentos, ainda que possam ser frágeis diante de alguém mais arguto, ainda assim parecerão sólidos para a maior parte da plateia. Ele começa dizendo que no debate não usará qualquer argumento religioso, qualquer literatura sagrada ou teológica, mas trará elementos da própria razão e da ciência para provar a veracidade do cristianismo.
Menciona que todos os valores alegadamente defendidos pelos ateus – a honestidade, a dignidade das pessoas, a igualdade, a liberdade, a igualdade entre homens e mulheres, a repulsa à opressão e à escravidão, a compaixão pelo outro como virtude social, a honestidade, etc, etc – todos, segundo ele, vieram do cristianismo. E cita que toda vez que surge uma tragédia, uma catástrofe, um sofrimento, lá estarão os cristãos em socorro. Que pessoas pertencentes à casta dos párias na Índia, por exemplo, tiveram sua redenção graças ao cristianismo levado pelo colonizador. Que a Declaração dos Direitos Universais da ONU deriva-se do cristianismo. Que os maus tratos às mulheres foram pioneiramente denunciados pelos cristãos. E que Atenas e Roma, reconhecidas como exemplos da civilização, ainda assim praticaram a escravidão.
Argumenta também que a maioria dos cientistas dos últimos 500 anos era teísta, eram praticantes do cristianismo (Kepler, Ticho Brahe, Gassendi, Copérnico, Galileu, Mendel, Morsan, Priestley, Lavoisier, Newton, etc). E que é estranho, portanto, o conflito estabelecido pelos ateus entre religião e ciência. Diz mais, que o Universo como um todo é racional; que se a força gravitacional fosse diferente, por infinitésimos que fosse, as condições do Planeta e do Universo seriam outras. Não estaríamos aqui se a força nuclear forte ou a força fraca do elétron fossem diversas. E tudo isto reforçaria a ideia de um Projetista.
E então, por esses e outros argumentos que D’Souza ainda oferecerá na palestra, meu ateísmo se esvaneceria. Hitchens, que no debate pareceu menos brilhante, não me ajudaria tanto. Ele até estranhou que Deus tenha deixado passar cem mil anos da fase do Homo sapiens sapiens, para só nos últimos dois mil anos mandar seu Filho salvar a humanidade, ainda assim deixando dois terços da população sem a Sua redenção; mais os flagelos, a miséria, a violência, os genocídios e outras indignidades que cercaram e ainda cercam o homem, inclusive nas áreas cristãs. Enfim, Hitchens respondeu a quase tudo que D’Souza alegara, mas aparentemente não teve o mesmo desempenho do primeiro.
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(Continua no próximo texto abaixo)

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